Joe Biden ainda não tinha acabado de se autodeclarar vencedor, quando os centristas do Partido Democrata puseram-se a culpar a esquerda do Partido pelos resultados abaixo do esperado da eleição da semana passada, contra todas as provas.
Unido ao coro estava um dos apoiadores Republicanos de Biden, John Kasich, que sempre repetiu, falando aos Democratas, que se tivessem “rejeitado a esquerda radical” do próprio partido, teriam falado mais claramente aos norte-americanos, gente que, dizia ele, “vive essencialmente no centro”. Mais uma vez, os números indicam o contrário disso: polarização crescente, e esvaziamento do centro.
Mais importante, o meio-campo que efetivamente existe oferece terreno que seria mais favorável a ideias da esquerda. Como a deputada Democrata Alexandria Ocasio-Cortez (AOC) apontou corretamente, “todos os candidatos que votaram a favor do Medicare for All em distrito oscilante conseguiram a reeleição.” E todos os distritos oscilantes que aceitaram a ajuda de AOC para se reeleger foram bem-sucedidos, e praticamente todos que se afastaram dela perderam.
Em muitos estados e condados que votaram com os Republicanos, os referendos aprovaram, por forte maioria, o aumento no salário mínimo, o financiamento para a educação pública, a descriminalização das drogas e o controle sobre preços de aluguel. No Mississippi, eleitores decidiram a favor de se substituir a bandeira do estado, imutável desde a era dos Confederados. Em questões econômicas, o padrão é ainda mais claro. Como o Huffington Post noticiou, segundo as pesquisas “um de cada cinco Republicanos tem ideias econômicas que se alinham melhor com o Partido Democrata do que com o Partido Republicano.” Inclui-se aí o apoio a aumento do salário mínimo, impostos sobre os mais ricos, e atenção concentrada em garantir subsídios significativos à saúde em tempos de COVID-19.
Mandar as pessoas ficarem em casa e sem trabalhar indefinidamente, sem ter os meios mínimos para fazer isso não é plano viável.
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